Em franco crescimento em Mato Grosso do Sul, o plantio de eucalipto pode ser uma peça importante para ajudar o estado a alcançar a meta de ser carbono neutro até 2030. Resultados de um estudo inédito, ainda em andamento, mostram que em áreas com eucalipto o solo emite menos dióxido de carbono (CO2) em comparação com outros usos e ocupações avaliadas.
Coordenada por Paulo Eduardo Teodoro, engenheiro agrônomo e professor doutor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), campus de Chapadão do Sul, a pesquisa está mapeando o fluxo de carbono nos três biomas presentes em Mato Grosso do Sul – Pantanal, Mata Atlântica e Cerrado – e em cada um deles avalia quatro diferentes usos e ocupação do solo – vegetação nativa, pastagem, cultura de soja e eucalipto. O objetivo é identificar quais atuam como fontes e/ou sumidouros das emissões de carbono e, com os dados obtidos, criar um modelo matemático preciso para uso via satélite.
Paulo Eduardo Teodoro destaca que o solo tem grande importância no ciclo do carbono porque é tido como seu maior reservatório, mas isso depende de fatores como a cobertura vegetal, tipos e práticas de manejo. “Os estoques de carbono no solo são indicadores-chave em termos de mudança climática, por isso é importante termos estudos científicos de como acontece o fluxo de CO2 em cada um dos nossos biomas e nas principais culturas econômicas do nosso estado”, detalha.
Uma das coautoras do estudo, a engenheira agrônoma doutora Larissa Pereira Ribeiro Teodoro, explica que geralmente a vegetação nativa é vista como um sumidouro de CO2 por ser um solo que nunca foi mexido, com uma microbiota muito rica que contribui para absorção de carbono pelo solo. “Quando há ação humana, quando o solo é revolvido, fica mais exposto e libera mais dióxido de carbono para atmosfera, por isso, teoricamente, a agricultura e a pastagem são as atividades agrícolas que mais liberam CO2″, diz a pesquisadora.
Resultados importantes revelados pelo estudo apontam que o eucalipto, independente do bioma, é a cultura que menos emite CO2, até mesmo quando comparada com a vegetação nativa, e a pastagem é a que mais emite. “Os dados de estoque de carbono ainda estão sendo processados para cálculo do balanço final. Conhecendo esse balanço final em cada uso do solo, o Estado pode traçar estratégias para minimizar as emissões de carbono de Mato Grosso do Sul, buscando um equilíbrio entre nossas principais culturas econômicas”, pontua Paulo Eduardo Teodoro.
Foto: Divulgação/Gov MS